Eu tenho, você tem, ele tem. Todos nós temos dragões em nossas empresas: grandes e pequenos, gordos e magros, alguns mais bravos, outros mais mansos, alguns mais novos, outros mais velhos.
Arrisco dizer que, se você tem dragões antigos na sua empresa, é porque ainda não domina a arte de domá-los tal como se deve. Imagino que o seu processo seja mais ou menos assim: você tem um dragão, avalia o seu dragão, toma uma decisão com base na análise que fez e… mantém o dragão. Isso acontece porque existe uma forma simplista de avalia-lo. E assim você garante sua sobrevida.
Existe um jeito clássico de administrar que faz da empresa um tremendo viveiro de dragões. Isso acontece quando a conhecida fórmula lucro = receitas – despesas é o que determina a tomada de decisões. Quando administra a sua empresa com base nessa equação, você gera uma porção de dragões todos os dias! E pior: não alcança o lucro almejado.
Imagine um exercício para domar dragões: você tem um dragão, faz uma avaliação sistêmica sobre o dragão, compreende as razões da sua existência, e… transforma a situação que gerou o dragão. Veja que aqui você não dá sobrevida, você muda o status e a forma dele, ou seja, não se trata mais do mesmo dragão.
Para realizar tal façanha, você precisa ampliar a sua compreensão de resultado: lucro = equipe comprometida + cliente fidelizado. Com essa nova equação, é possível fazer uma avaliação mais sistêmica e compreender o que faz (ou não) o lucro.
Outro exemplo: se você compreende que o lucro depende de cliente fidelizado, vai deixar de ficar de costas para ele, concentrado em batucar o teclado diante da tela do computador e em examinar aquela planilha eletrônica que faz as simulações entre o preço, o volume e os custos, na busca dos melhores resultados financeiros.
O fato é que estamos todos juntos diante de um desafio. E não se trata de algo fácil.
Graças aos dragões evoluímos e crescemos, como profissionais e como seres humanos. Portanto, o dragão mais assustador e de maior porte é a nossa atitude diante de todos os outros que temos pela frente.
Se repudiamos os dragões, deixamos de aprender com eles e perdemos a chance de vê-los como desafios capazes de nos tornar melhores. Se não encaramos os dragões, optando por empurrá-los com a barriga, adiamos também qualquer chance de aprendizado e evolução.
Simplesmente admitir que existem, também não basta. Muitas vezes superestimamos sua magnitude, usando a imaginação como fermento para ampliar o tamanho deles.
Como alguém já disse, “se você não é parte da solução, então é parte do problema”. E, em sã consciência, quem quer ser parte do problema? Todos queremos ser parte da solução. Mas o lado em que, de fato, vamos nos colocar depende da nossa própria visão e atitude.
Para aprender com os dragões temos que encará-los direta e prontamente.
Coragem, portanto! Assuma a sua parte, com humildade e sem se exasperar. Vá direto às causas. Assuma os riscos. Use e expanda sua inteligência no exercício diário de olhar para os dragões como grandes oportunidades de vislumbrar as melhores soluções. Acredite: terá, aí mesmo, uma grande (e inesgotável) fonte de sabedoria! É buscando a evolução que evoluímos.
Parabéns, Roberto, pela excelente reflexão. Você tem me ajudado a (re)pensar como consultor e educador corporativo no trabalho que executo dia a dia. Obrigado, cara!
Elberto Mello, consultor e educador corporativo em SP