Todos já viveram a experiência de ver alguém de fora falando aquilo que vem sendo dito, há tempos, por alguém de dentro. A mensagem pairava no ar, mas só assentou depois que alguém alheio a recomendou.
O problema é que a maioria de nós não é um observador externo quando vive o problema e – pior – passa a fazer parte dele. Existe um delicado impasse entre o emissor da mensagem difícil de encarar e o emissor da mesma mensagem, mas que não corre risco de dizê-la, justamente o o caso do observador externo.
É interessante reconhecer que paira uma insegurança diante dos riscos de mudança e a busca por alguma validação diminui a angústia de lidar com tal receio. Então não há nada de errado em procurar e ouvir um observador externo para dizer o que precisa ser dito. Muitas vezes, é a melhor coisa a fazer. No entanto, fica aqui uma proposta: por que não ser você esse observador externo, mesmo fazendo parte do quadro da empresa?
Pense nas características que tornam os observadores externos valiosos. São aqueles com a percepção de enxergar os problemas não notados por quem está dentro, porque está próximo demais. Então, a primeira conduta é adotar o distanciamento como exercício de observação. Ser um observador valioso, mesmo estando dentro, implica examinar o quadro geral e avaliar o texto sem perder de vista o contexto. Ampliando o quadro geral, os questionamentos que precisam ser feitos tornam-se mais abrangentes.
Considere outro fator que torna os observadores externos valiosos: a liberdade de apontar os problemas e criticá-los sem arriscar o emprego ou a carreira. A segunda conduta é justamente ter a coragem de assumir a voz que questiona as respostas de ontem. Para isso, é preciso apaziguar o componente emocional e livrar-se do teatro que tanto anseia por agradar quanto teme desagradar. Tal teatro pode criar uma proteção no curto prazo, mas é inevitavelmente desastroso no transcorrer da história.
Por fim, considere que sendo um membro da equipe agindo como observador externo, o seu poder é maior do que o do forasteiro, pois vive e compreende a cultura daquele ambiente. Certamente não terá o contrassenso de sair com uma foice abatendo os valores fundamentais e ancestrais da empresa.
O observador é, muitas vezes, necessário. Alguém precisa dizer que o rei está nu e fazer as perguntas incômodas. Mas pense na proposta, mesmo que lhe pareça ousada demais: você pode ser o observador externo, com muitos ganhos para a empresa.
Aceite o desafio!