Ele é, hoje, um generoso empresário que sabe muito bem gerar e compartilhar riquezas. Talvez tivesse se transformado em um outro tipo de pessoa e seguido caminho distinto, não fosse a experiência que viveu, ainda na infância, com o seu pai.
Nas férias, sempre que podiam, pai e filho adoravam pescar num lago próximo à casa de veraneio. Em certo fim de tarde, saíram com esse objetivo, embora a pesca, ainda proibida, só seria liberada no dia seguinte, para início da temporada.
Os dois se divertiam, no ambiente silencioso e bucólico, com o ritual de armar as iscas, arremessar as varas e ouvir o barulho da água. O sol se pôs dando espaço a um belo luar. Foi nesse momento que o garoto sentiu algo muito pesado forçando a sua vara de pesca. Com a habilidade que o pai lhe ensinara, retirou um peixe de bom tamanho da água.
Com ares de campeão, ele jamais havia pescado um peixe de tal envergadura e beleza, que ambos admiraram. Mas naquele momento a atividade ainda não era lícita. Por curiosidade, o pai examinou o relógio. Faltavam apenas duas horas para a abertura da temporada de pesca. Olhou para o peixe e depois para o filho e disse:
– Devolva o peixe à água, meu filho!
– Mas, papai… – hesitou o garoto, contrariado.
– Pescaremos outros – insistiu o pai.
– Não igual a esse – o menino resmungou, olhando ao redor.
Não havia o menor vestígio de outros pescadores ou barcos por aí. Assim, ficou com a esperança de negociar. O olhar firme do pai declarava que, mesmo sem ninguém por perto, a decisão era inegociável. Com cuidado e pesar, o garoto retirou o anzol e devolveu à água o peixe, que rapidamente desapareceu nas profundezas do lago. O pequeno pescador sabia que dificilmente veria um peixe tão exuberante como aquele.
Hoje, como um empresário bem-sucedido, ele reconhece que aquele acontecimento foi determinante na sua trajetória de vida. Passados mais de trinta anos, a casa de veraneio continua lá e ele costuma levar seus filhos para pescar.
De certa forma, ele acertou na conclusão a que chegara, no passado. Nunca mais conseguiu pescar um peixe semelhante ao que seu pai exigiu que fosse devolvido à natureza. Porém, aquele peixe sensacional continua vivo em sua memória. E emerge de suas profundezas interiores principalmente quando ele se defronta com um dilema ético. Aprendeu com o seu pai que integridade é alinhar os gestos aos valores. E embora isso possa ser feito com mais facilidade na frente dos outros, o verdadeiro desafio está em ser íntegro mesmo que não haja ninguém olhando.
Conto essa história no livro Rico de Verdade e repito, agora, por conta dos movimentos que estamos disseminando com o Código de Nobreza. Principalmente quando apenas a sua consciência está por perto, viver com elegância e honradez é ser você o tempo todo.
Maravilha !
“Integridade= alinhar os gestos aos valores”!
Ensinamentos nobres neste texto, obrigada. Estamos presenciando, cada vez mais, discursos desalinhados das ações, infelizmente! Esse cenário precisa mudar!
Perfeito! Amei o artigo belo exemplo de ética. Que sejamos di verdade quem agente é. Isso cura