A gente nem se dá conta, mas quando acorda pela manhã, o bom repouso restaura as nossas energias. Pense em como você estava antes de se deitar e, depois, ao despertar. Uma nova pessoa, revigorada e disposta, a menos que a insônia ou as interrupções durante o sono tenham dificultado sua recuperação.
Repouso é tudo, ensina o medalhista olímpico Gustavo Borges e já batia nessa mesma tecla o preparador físico Nuno Cobra. Para eles, é mais importante que a boa alimentação e a atividade física.
Mas o assunto é sobre o estoque de energia. Atualmente, uso um carro híbrido para me locomover. O veículo funciona tanto na combustão como no modo elétrico. Por meio de uma bateria, o estoque de energia elétrica oscila entre acelerações e frenagens. Em resumo: ao acelerar, o estoque de energia é consumido; ao frear, o estoque se recompõe. É possível visualizar esse movimento na informação que aparece na tela em painel do carro defronte ao motorista.
Toda vez que o observo, faço uma relação com o que se passa durante o dia, tanto nas acelerações que consomem energia quanto nas pausas restauradoras.
Embora tenhamos ciência desses movimentos, penso que nem sempre estamos conscientes do que nos abastece e do que nos desfalece, enquanto ambos ocorrem. Imagino que, se tivéssemos conscientes de tais efeitos e suas respectivas causas, poderíamos administrar melhor o nosso dia e, por conseguinte, a nossa vida.
Vamos a alguns exemplos:
1) Existe atividade ufa! e atividade oba! A primeira é aquela que, embora nos dê um sentimento de alívio ao término, consome em demasia o estoque de energias, tanto físicas como emocionais.
A segunda nos dá alegria e, embora consuma energias físicas, reabastece as emocionais.
Com consciência e inteligência, podemos transformar muitas atividades ufa! em atividades oba! O segredo é buscar o significado que as tornam engrandecedoras. Acredite, todas têm! É uma questão de ponto de vista.
2) Existem relações tóxicas e atóxicas. Nem preciso dizer o quanto as tóxicas drenam as nossas energias. Somos vítimas delas e quase todos os dias.
As relações atóxicas, ao contrário, nos abastecem. São pessoas com as quais gostamos de conversar de igual para igual, de forma desarmada.
O segredo aqui é buscar elementos que eliminem ou diminuam a toxidade, quase sempre devida a crenças e preconceitos. Podemos fazer o sublime exercício de buscar em cada ser humano o valor que mais bem o represente. Todos têm – e acredite! – até os brutos também amam.
3) Muitas crenças, algumas religiosas, enaltecem o sofrimento em detrimento do prazer. “Veja como ele é esforçado!”, comenta a sogra orgulhosa referindo-se ao genro trabalhador, ao mesmo tempo em que avaliza a boa escolha da filha. Muita energia bruta, a luta pelo sustento, a infinda labuta, o estresse, a depressão ou o infarto e, no fundo, nada para se orgulhar.
Há quem se sinta culpado quando vive atividades prazerosas, aguardando o castigo que, acredita, virá em seguida, como se não as merecesse.
O prazer abastece as energias e pode ser inserido em várias partes do dia, principalmente nos momentos de frenagens, ou seja, nas pausas.
Sei que muitos consumidores de energia são inevitáveis e temos de enfrentá-los. Mas acredito também que, uma vez conscientes, podemos evitar o piloto automático dos desfalecimentos inúteis e desnecessários. E não são poucos.
A saúde agradece!
O repouso se faz necessário, sim! Os momentos de descanso no meio da correria são muito importantes. Tanto para repor as nossas energias como para ativar a nossa criatividade.