Os 100 primeiros dias

Dizem que os 100 primeiros dias definem uma gestão. Se é assim no governo que está começando, é também na gestão de sua empresa. Os 100 primeiros dias são determinantes para o sucesso – ou não – durante o ano que se inicia.

Para dar um tom promissor, trabalhe esse período inicial de maneira a definir o ritmo do negócio, o ciclo da obra e o fluxo do líder. Algumas dicas podem ajudar você. Considere-as, portanto.

Ritmo do negócio

Usando uma metáfora, o negócio pode ser entendido como uma poça d´água a depender de chuvas para encharcá-la ou dizimá-la, neste caso por ausência. O negócio tem uma relação direta e de dependência com o mercado. Vive à mercê dele. Seus rendimentos dependem, pois, do clima e do bom tempo.

Mas podemos usar outra metáfora para entender o negócio. Imagine-o mais parecido com um rio. Diferentemente da poça d´água, o rio flui, tem vida, suas correntezas são mais ou menos agitadas, tem inclusive o poder de se recuperar, a exemplo do Tietê que nasce no interior do estado de São Paulo, é profundamente degradado na Capital e, depois, renasce à medida em que avança por outras cidades até desaguar no rio Paraná.

Um negócio apresenta-se ao mercado por meio de seus produtos e serviços e algumas estratégias são capazes de mantê-lo vivo, mesmo nas situações em que o mercado está desaquecido. Seu portfólio de produtos e serviços pode ser ajustado para atender mais especificamente os clientes atuais (estratégia de penetração); pode ser ampliado para atender os mesmos clientes (estratégia de diferenciação); e pode ser oferecido para novos clientes (estratégia de expansão). Um novo portfólio pode ser criado para lançamento em um novo mercado (estratégia de diversificação).

A diferença entre as metáforas é significativa. O negócio “poça d´água” fica à espera de bom tempo; o negócio “rio”, mesmo diante de turbulências, segue o seu fluxo.

Assim, embora todo negócio tenha uma relação direta com o mercado, não necessariamente tal relação deve ser de dependência.

Nos próximos 100 dias, dê ritmo ao seu negócio, independentemente do ritmo do mercado.

Ciclo da empresa

Estabilidade e regularidade, por mais que sejam almejadas e perseguidas, não fazem parte da vida das empresas. Existem os altos e baixos e, quase sempre, o caixa define a qualidade da maré.

Esse é o primeiro ponto a ser corrigido nos 100 primeiros dias de governo: compreender que a empresa não é só corpo. Então, mesmo que os resultados financeiros estejam em baixa, não há por que aumentar ou antecipar o tamanho da crise enfraquecendo também a mente (a relação com o cliente) e a alma (a relação com a equipe) da empresa.

Maré alta, maré baixa, esses são os ciclos da empresa. Mas soluções para favorecer o curto prazo não podem trazer prejuízos aos médio e longo prazos. Caixa é ativo circulante; clientes e equipe são ativos permanentes. A garantia de um bom ano está no equilíbrio entre o corpo, a mente e a alma da empresa. Nenhuma das pontas dessa tríade pode ser favorecida em prejuízo das outras.

Fluxo do líder

Aqui está um ponto-chave para os 100 primeiros dias de governo: conquistar um bom estado de espírito. Dúvidas e medos, provocados por acontecimentos externos, costumam afetar negativamente o ânimo do líder. Sem dúvida, esses efeitos emocionais contaminarão tanto o ciclo da empresa como o ritmo do negócio.

Mesmo diante das turbulências externas, é preciso que o líder se mantenha no eixo, cultivando a sua centralidade. Nos 100 primeiros dias, tal disposição será determinante para assegurar a qualidade das decisões a tomar no período e que repercutirão durante o ano inteiro.

Manter-se no eixo talvez seja, de todos, o maior desafio.

A economia ao natural

O que o governo fará para equilibrar as contas públicas? Como realizará o ajuste fiscal? Os juros vão aumentar? O que acontecerá com a política de crédito? Qual será a política cambial? Essas e muitas outras perguntas são pertinentes para compreender a nova ordem econômica. Mas todas as indagações fazem parte da economia de fora sobre a qual o máximo que conseguimos é nos manter informados.

Já a respeito da economia de dentro, temos algum controle. Exercemos influência sobre o ritmo do negócio, o ciclo da obra e, sobretudo, o fluxo do líder.

Que nos 100 primeiros dias você cuide do que pode influenciar positivamente. Na certa, saberá como não agravar os problemas enquanto respostas criativas surjam para que o ano seja promissor.

É justamente o que está ao seu alcance!

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Regina Varoto
Regina Varoto
1 ano atrás

Conteúdo excelente, desperta ânimo para iniciar bem o ano! Gratidão pela mensagem do texto!

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