Siga sem culpa!

A vida, incluindo o trabalho, é uma série de escolhas, decisões e resultados. Nem sempre positivos nem sempre negativos, às vezes mais além, outras vezes mais aquém. Existe, no entanto, uma tendência ou orientação na forma como avaliamos o fruto. Trata-se do viés de resultado. Explico.

Muitas vezes, ao estimar o resultado, principalmente quando negativo, amaldiçoamos a decisão tomada. “Ah, se tivesse feito de outra forma…” e lá vem culpa. Chegamos a nos arrepender até de coisas que fizemos em outras fases da vida como se, na ocasião, tivéssemos a consciência que temos hoje. Trata-se de uma grande injustiça que cometemos conosco. Como calcular o resultado de então diante dos conhecimentos e da consciência de agora?

O viés de resultado ocorre muito nas empresas. Ao fazer o cômputo, quando não obtivemos o que queremos, culpamos não só a decisão, mas também quem a tomou. Oras! No primeiro momento, existem apenas as informações disponíveis e mais alguns pressupostos. O resultado vem depois e nem sempre provocado exclusivamente pela decisão. Outras variáveis, algumas só visíveis depois e outras jamais conhecidas, podem ter influído no desfecho, que pode não ser exatamente negativo, mas aquém do esperado.

Nas artimanhas de autoengano, o viés de resultado tem outro aspecto curioso. Quando positivo, costumamos reputá-lo à qualidade da decisão, também sem considerar que outras variáveis fortuitas podem ter contribuído.

É fácil avaliar decisões e buscar justificativas depois que os resultados ocorrem. Mas, para fazer justiça, é importante avaliar a qualidade das decisões com base apenas no que se sabia à época. É um exercício saudável de autoconsideração e aprendizado, permitindo prosseguir sem o pesado e desnecessário fardo da culpa.

Claro que é importante empenhar-se para tomar a melhor decisão diante de cada circunstância. A boa sorte pode até levar a fama, mas a intenção, o empenho e o preparo contam muito. Mesmo assim, estaremos sempre diante de percepções, conhecimentos e consciência insuficientes. Portanto, siga sem remorsos nem medos. Alivie o fardo, para ter condições de oferecer o seu melhor. Sempre!

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Sidney Porto
Sidney Porto
2 anos atrás

Como sempre, ótimas reflexões. Eu costumo dizer que viver é como subir em um “pau de serrado”, aquelas árvores, quase sempre pequenas e sempre tortuosas que podemos ver por todo o nosso centro oeste. A cada poucos centímetros há uma bifurcação e temos que decidir para qual lado iremos. Nem sempre dá para ver o caminho que nossa escolha percorrerá e, não raro, ele é enganoso, aponta para cima mas logo se curva. Temos que ir sem culpa, perfeito.

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