Saúde mental é o assunto em pauta. Está nas capas de revistas, nos temas dos congressos que retornaram e das lives que persistem, das palestras presenciais ou remotas, nas agendas de empresas, escolas e clínicas.
A preocupação tem o seu porquê depois de dois anos de isolamento, trabalho remoto e rompimento de uma rotina que resguardava o ambiente de restauro (a casa) do ambiente de produção (a empresa). A vida de cada de um de nós – direta ou indiretamente – foi afetada de alguma forma. De maneira mais acentuada para alguns, menos impactante para outros, o fato é que ninguém saiu incólume dessa.
Nem sempre a nossa percepção acompanha a mudança. Muitos ainda não se deram conta de que a vida mudou, mesmo que pareça um retorno ao “normal”.
– E o que é a vida? – perguntou Jarina à mãe.
– A vida é relacionamento – respondeu dona Áurea, mestra no assunto.
Talvez quem me leia, agora, tenha outras respostas e todas podem ser verdadeiras. Mas não podemos deixar de dar razão à dona Áurea. O contato com as pessoas que nos cercam, a união com os outros são das melhores coisas da vida.
– Vive melhor quem se relaciona melhor – complementou dona Áurea.
Aqueles que se envolvem profundamente com os demais, que não receiam o envolvimento, que se despojam das armas, esses se relacionam melhor, portanto, vivem melhor. Nem por isso estão imunes a decepções, traições, frustrações e reveses comuns aos relacionamentos, mas ainda assim apostam neles. Levam, exatamente por isso, uma vida mais rica, proveitosa e interessante.
Saúde mental tem relação direta com a qualidade das relações. Elas são tão importantes que – pasme! – é preferível um relacionamento ruim a não ter nenhum.
O que queremos, necessitamos e merecemos são relacionamentos significativos. Implicam qualidade da escuta, atenção ao outro, empatia, compaixão pela dor alheia. A solidariedade faz com que não nos sintamos sós. Problemas de saúde mental têm relação direta com a ausência dessas qualidades humanas.
Antes que me esqueça, Jarina e dona Áurea são personagens do livro escrito durante a pandemia – Capital Relacional – e que trata justamente do tema em questão. Que sua leitura sirva de antídoto contra os abalos da saúde mental e tenha efeitos terapêuticos por meio das relações atóxicas e significativas. Mergulhe e confira!
Nós só somos na relação. Obrigada por mais essa dose de consciência, Roberto.