Em quem você está se transformando?

Esta pergunta abre o texto da orelha direita do livro O Devir. É das boas, das que merecem ser feitas de tempos em tempos, sem que se demore muito a repeti-la.

A grande diferença entre o ser humano e os outros seres vivos é que esses permanecem sempre os mesmos. Tomemos como exemplos os animais: já nascem prontos e vão se manter os mesmos durante toda a existência, exceto por ficarem mais velhos. Um cavalo nasce cavalo e morre cavalo, assim como uma formiga ou um gafanhoto. A vida deles, em vez de processo, é um evento. Não existe um devir, uma evolução entre o nascimento e a morte.

O ser humano é um processo evolutivo. Também envelhece como os animais, mas amadurece do ponto de vista mental, expande a consciência e evolui espiritualmente. Desenvolve novas percepções, muda as crenças, altera os valores, aprimora o propósito, reorienta o caminho, altera as buscas.

Como bom devir, tornar-se humano ao longo da experiência é um propósito para todos nós.

Ser um devir – ou um vir-a-ser – é o que nos faz diferentes dos outros animais e nos permite romper com qualquer programação, dando novo curso à existência. É uma bênção poder se transformar em alguém melhor.

Quando buscamos os caminhos mais fáceis e evitamos os riscos, rompemos o processo natural do ser ao devir. Quando preferimos o conforto à aventura, afastamos o processo natural de amadurecimento. Quando trocamos o desconhecido pelo conhecido, evitamos o processo natural de aprendizagem.

Dentro de cada um de nós habita um animal sedentário programado para satisfazer as necessidades básicas, mas também um animal com asas preparado para alçar voos desbravadores.

O devir é aquela parte de nós que tem sempre algo mais a realizar. É a nossa parte sonhadora e visionária, apaixonada por horizontes e estrelas. Nos seus desvarios, o devir é a parte impulsionadora do ser, que o coloca em movimento tirando-o do sedentarismo. Não se trata, porém, de cumprir os ambiciosos desejos do devir. Trata-se de dar vida de peregrino ao ser, para que continue se transformando.

Vida é sinônimo de movimento. O devir é o autor do propósito que coloca o ser em movimento.

Em quem você está se transformando no trabalho, na empresa, no negócio, na vida?

Em quem você está se transformando enquanto ganha ou gasta o seu dinheiro?

De vez em quando é bom revisitar essa pergunta para averiguar se o devir está cumprindo com a sua função. Se a resposta não for positiva, ajuste o curso em busca de novos horizontes, mas não perca a viagem.

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