Uma Quaresma e tanto, a que acabamos de viver! Quaresma combina com recolhimento, quarentena com isolamento. A penitência, agora, veio em dose dupla.
Penitência é uma das palavras mais importantes durante a Quaresma. Geralmente, é sinônimo de tristeza ou de sofrimento. “Pagar a penitência”, quem já não ouviu essa frase? Remete a algum tipo de castigo. Muitos têm vivido a quarentena com igual sentimento. Tudo, no entanto, é uma questão do olhar, da perspectiva.
O significado original de penitência é outro. Quer dizer “melhorar”, “tornar-se melhor”.
Vejamos, então, algumas perguntas que o penitente pode se fazer, nesse momento de reflexão. Para onde estou indo? A que ponto a viela me conduz? Devo andar ou não faço nenhum movimento? A maneira de seguir adiante me faz melhor? Em quem eu estou me transformando, enquanto caminho?
São boas perguntas para a travessia da Quaresma e válidas, também, na quarentena. Penitência exige o sacrifício que liga a cruz à luz. Se evitarmos a cruz, afastamos também a luz. É o que a Semana Santa nos ensina.
O sacrifício da Quaresma vale a pena. Sacrificar é tornar sacro, sagrado. Abrir espaço para o divino, nos entremeios do humano que existe em nós. A quarentena também valerá a pena, se soubermos passar pelo deserto que representa.
Ambas – e é bom que se diga – não eliminam o entusiasmo. Quando vivemos com entusiasmo, a divindade pulsa dentro de cada um de nós. A própria palavra “entusiasmo” significa aquele que está cheio de divindade. Se o entusiasmo preencher os nossos dias, não haverá espaço para o medo e outros sentimentos negativos.
Isolamento nenhum impede a caminhada, o entusiasmo, a jornada espiritual.
É Páscoa! A festa da vida! Podemos seguir adiante, livres de pesos mortos, vivendo a perfeita alegria.
Feliz Páscoa a todos!