Porque a maioria dos propósitos não dá certo

Observe as frases a seguir e veja se conseguem animar ou emocionar você.
“Crescer financeiramente por meio de um atendimento no nível da excelência, assegurando qualidade e inovação.”
“Ser líder de mercado em benefício dos clientes e acionistas.”
“Maximizar a rentabilidade a prazo curto, médio e ou longo para os acionistas, seguindo as regras de mercado e os padrões éticos.”
Se não comovem você, não se sinta mal. Essas definições de propósito não funcionam mesmo.
Alguns líderes não sabem por que certos propósitos “não pegam”. Parecem bastante claros para os líderes, é óbvio, mas o pessoal não os guarda na memória, muito menos no coração. Embora os apresentados sejam “politicamente corretos”, até com ligeira mania de grandeza, sem comover as pessoas nenhum deles consegue o feito de uma boa definição de propósito: inspirar e gerar compromisso.
A princípio, não há nada errado com o trio sugerido. Mas é fácil descobrir razões para o fato de não contagiar a equipe. Uma delas é que servem para qualquer empresa. Experimente encaixar nomes de algumas delas em qualquer uma das frases e verá que funcionam tanto em uma como em outra. Sendo “genéricas”, não servem para “a nossa”. Não é, portanto, singular e especial.
A segunda razão pela qual “não pega” é que confundem fins e meios. Crescer financeiramente ou assegurar atendimento, qualidade e inovação? Ser líder de mercado ou beneficiar clientes e acionistas? Oras, você vai dizer, como leitor esclarecido que é: uma coisa está relacionada à outra. É verdade, mas e as intenções? Qual é a primeira? E as segundas?
Finalmente, o maior defeito dessas definições de propósito genéricas, ambiciosas e com intenções ambíguas: a quem se destinam? A maior razão para uma empresa aspirar ir na direção norte, despendendo grande esforço, é que todos caminham desvairadamente para o sul. Ou seja: não sabem para quem trabalham, a quem se dedicam e direcionam seu tempo, energia, empenho e ideias. Perigo: quando não se tem um “para quem” claro do lado de fora, procura-se um “para quem” no lado de dentro, geralmente o chefe. Agradá-lo – ou não desagradá-lo – passa, então, a ser o foco.
Agora, observe outros dois propósitos, atentando para as observações entre parênteses.
“Inspirar e atender pessoas de negócio (para quem) com capricho na execução de projetos imobiliários (o que), através de uma equipe qualificada e comprometida (com quem), valorizando a vida (o porquê)”.
“Conectar-se com empreendedores de boa-fé (para quem), gerando oportunidades jurídicas (o que), por meio de processos singulares (como) e soluções descomplicadas (o porquê)”.
Sim, esses propósitos mexem com o coração e a mente da equipe que compõe uma construtora (no primeiro exemplo) e um escritório de advocacia (no segundo exemplo). Ambos são resultado de construtos coletivos, portanto geram significado para todos os que deles participam. Além disso, promovem riqueza nas quatro dimensões: causal, potencial, filosófica e econômica.
Sobre as quatro dimensões da riqueza, consulte o livro “Rico de Verdade”. Escrevi sobre propósito no meu último livro “O velho e o menino“. Com certeza, vai encontrar muita inspiração nessas leituras!

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