Quem é o seu eleitor?

Espere, não é um texto destinado a candidatos em busca de eleitores, mas sim a nós, eleitores em busca dos melhores candidatos. Cada um de nós, no entanto, é mais que um. Eis a questão e o que explica o título. Portanto, repito: quem é o seu eleitor?

Em cada um de nós habitam vários eleitores e precisamos levar às urnas o nosso melhor eleitor. Cuidado, pois as conversas que rolam por aí não parecem vir dele.  Observe, então, qual deles vai decidir as suas escolhas, governado pela parte do cérebro mais ativa.

1. Eleitor reptiliano.

Recebe esse nome porque é controlado pela área cerebral    que responde pelos mecanismos instintivos de sustento e sobrevivência. Sua atitude diante da realidade é mais de reação do que de reflexão. Como está sempre prestes a atacar ou a se defender, gera um ambiente hostil e negativo para o exercício da democracia mais madura. Sua escolha tem origem no medo de algo capaz de ameaçar sua própria vida.

2. Eleitor límbico.

É aquele que se deixa levar pelas emoções, sem interesse por fundamentos. Tende a fazer escolhas passionais, sobrepostas à razão. Para ele, a versão dos fatos é mais importante do que os fatos. Não se aprofunda nas informações, porque considera apenas o que se enquadra em seu sistema de crenças, represente ou não a realidade. Na área cerebral límbica situa-se a memória de tudo o que foi vivenciado, seja como recompensa, seja como punição. Por meio desses dois polos, faz as suas escolhas optando pelo que alimenta o seu sistema de crenças, incluindo suas fantasias e ideologias.

3. Eleitor neocortical.

Para ele, a escolha não pode ser emocional, mas racional. O cérebro neo-cortex é aquele que responde pelo raciocínio e pela lógica. Mais pragmático do que ideológico, para ele vale mais o que funciona, independentemente de nomes, partidos e correntes ideológicas. Não se prende à versão dos fatos, mas a fundamentos para construir o seu pensamento e opinião. É diante da realidade investigada que ele faz a sua escolha. Diferente do eleitor límbico e reptiliano, pode mudar de opinião diante de um argumento lógico e irrefutável.

4. Eleitor consciente.

Esquiva-se das polaridades maniqueístas calcadas em crenças em favor de seu conjunto de valores. Para ele, valem mais as “regras de dentro” do que as “regras de fora”. Por isso, sem se dobrar ao que é superficial e leviano, baseia-se em sua consciência e busca em cada candidato os valores virtuosos que também vive e defende.

Estamos às vésperas de reformar dois dos nossos três poderes. Cabe, a cada um de nós, um voto. Como o beija-flor, é a nossa pequena gota na intenção de apagar o grande incêndio. Quem sabe? Que seja do nosso melhor eleitor!

Leia também:

A ESTUPIDEZ DOS DEBATES POLÍTICOS E O QUE NOS IMPEDE DE SER NAÇÃO

 

 

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