Dia do Trabalho.
Justamente o que devia ser uma forma de contribuir com a Grande Obra, enquanto se descobre dons e talentos pessoais, transformou-se em sina devastadora.
As escolas não preparam humanos para a vida, mas homo economicus para o mercado. Entenda por homo economicus aquele que abriu mão das outras dimensões humanas – morais, éticas, políticas, espirituais etc. – para centrar-se apenas na que se reduz a duas funções: a produção e o consumo.
O homos economicus não é um ser fragmentado, o que por si só já faria da vida uma experiência dolorosa, e sim um fragmento de humano, uma pequena parcela feita para produzir e consumir, enquanto deixa de viver em plenitude, algo possível exclusivamente a um ser inteiro. Íntegro.
Li, estarrecido, sobre os suicídios que ocorreram recentemente em um colégio paulistano de classe alta. As escolas, dedicadas à competitividade na atração e retenção de alunos, usam a estratégia de preparar gente para o mercado, o tal homo economicus. Pais tão competitivos como desavisados apoiam a estratégia. O econômico acima de tudo. Tal perversa redução faz crescer nos jovens o vazio interior, a falta de esperança, a frustração com os desafios que se limitam a tirar boas notas e passar no vestibular, para repetir tudo de novo na universidade e na carreira profissional.
Qual é o seu valor de mercado? Essa é a pergunta subliminar que determina o sucesso no mundo do trabalho. Esse é o propósito prevalecente. Proponho outra pergunta: em quem você está se transformando enquanto trabalha? Essa inspira outro tipo de propósito.
Que todos nós possamos comemorar o trabalho como um meio que nos faz seres humanos melhores, com relevantes contribuições à comunidade e à nação. Assim podemos retribuir à Mãe Terra tudo o que ela nos dá.