Escrevo com frequência sobre liderança, conduzo programas de educação sobre o tema e me relaciono com líderes de todos os tipos, negócios e empresas. Já discorri sobre modelos capazes de construir as melhores equipes e produzir os melhores resultados e também alertei quanto àqueles que produzem o efeito contrário. Muito já se falou a respeito e ainda há muito a dizer. Mas existe um sutil segredo que gostaria de compartilhar.
Sempre que tratamos de liderança lembramos de cargos que, intrinsicamente, estão relacionados com ela, tais como a gerência e a diretoria, no caso de empresas. Parte do sigilo está aí: a liderança existe mais como forma do que conteúdo. Vou esclarecer.
Liderança é mais forma do que conteúdo quando é respaldada pelo cargo. Quem o ocupa assume um papel, uma identidade, portanto, sua vivência é de ator, ou seja, tem a ver com forma. A sutileza é que estar líder não é, necessariamente, ser líder.
Há quem mude a personalidade quando é promovido a gerente ou diretor, ganha uma nova sala e mesa de trabalho, uma vaga para estacionar seu veículo, espaço reservado no refeitório e outros privilégios. O papel vai sugerir também novos valores e condutas e, mais rápido do que se imagina, o ocupante do cargo estará mais próximo de assumir uma identidade dissimulada e, assim, mais distante de sua verdadeira essência. A forma prevalece sobre o conteúdo, portanto.
O sutil segredo é que a verdadeira liderança não é cargo nem função, tampouco uma técnica. Liderança é essência!
Há quem interprete vários papéis: gerente, pai, mãe etc. Para cada um deles, existem formas diferentes de representá-los. A vida, nessas múltiplas simulações, transforma-se em uma peça teatral. Enquanto o indivíduo transita pelas várias cenas diárias, a vida vai se tornando num fardo difícil de carregar. O primeiro sintoma de que algo está errado será o estresse. Outros poderão surgir, como a acídia e a depressão, caso haja insistência nessa triste dramaturgia.
Identificar-se com o papel é um grande erro. Assumi-lo implica manter-se preso ao script, algo que encurta a visão, impedindo que se enxergue oportunidades e possibilidades.
O segredo, portanto, é ser quem se é, qualquer que seja o papel a desempenhar, sem simulação ou dissimulação. Essa é a essência da liderança. Esse é, portanto, o verdadeiro líder, que todos apreciam e respeitam.