O nosso maior dilema não é discernir entre o que é bom e o mau – ou o bem e o mal. Sabemos distinguir um do outro. Temos, como ajuda, os registros em nossas células ancestrais que carregam em si a distinção moral. Mesmo sem um conhecimento fundamentado, somos capazes de perceber que determinadas escolhas são melhores que outras. Somos seres morais, além de inteligentes.
É certo que, mesmo assim, nem sempre nos inclinamos às melhores opções. Às vezes, incompreensivelmente embarcamos em canoas sabidamente furadas. Então, somos também amorais, além de ignorantes. Mas esse é assunto para uma próxima vez. O tema, aqui, é outro.
Quero me ater ao que considero um dilema bem mais complexo: discernir entre o bom e o melhor. Nem sempre tão fácil e direto como o bom e o não-bom. A sabedoria popular vagueia de um ponto a outro. Quem já não ouviu que “o ótimo é inimigo do bom? ”
Significa que o feito é melhor do que o perfeito e que, na busca obstinada pela perfeição, deixamos de desfrutar o que é bom. Mas também “o bom é inimigo do ótimo” quando nos contentamos e nos consolamos com o que já é bom, deixando de evoluir para o que seria ótimo. Esse é mesmo um dilema: ficar no que é bom ou buscar o ótimo?
Poderíamos louvar a ambição daquele que anseia pelo ótimo e não aceita o bom, da mesma maneira que podemos reprovar aquele que, por uma inquietude gananciosa, prefere o ótimo ao bom. Sei que são julgamentos e eles pouco ajudam, mas e aí? O bom ou o ótimo?
A palavra grega díke, significa a justa medida, e ela pode nos ajudar a fazer a escolha certa. Pois entre o bom e o ótimo existe uma atitude sutil que só se resolve com a justa medida.
Se o que é certo foi trocado pelo mais fácil, erramos na medida. Se abriu mão do que é certo aos seus olhos para atender expectativas que não são suas, você errou na medida, da mesma forma se deixou que as circunstâncias falassem mais alto, declinando do certo.
A justa medida faz com que a gente não esqueça o que é certo, ainda que não seja bom ou mesmo ótimo. Atente para ela, portanto!