Imagine, sem fantasiar

– Estou no oitavo casamento e não sei o que acontece, todas elas têm os mesmos defeitos.

Ouvi isso de um amigo que “casava” com a mesma facilidade com que “descasava”. Acrescentei aspas para informar que essas uniões fugiam do formato convencional, com pompa, circunstância, igreja e cartório, mas meu amigo não pensava duas vezes quando decidia morar junto com alguém, sempre a seu jeito informal. Vale lembrar que a quantidade de eventos do gênero era de uns dez anos atrás, quando o vi pela   última vez. É bem possível que, no presente, ele já tenha superado o poetinha Vinícius de Morais. Mas todas com “os mesmos defeitos” e é isso que nos interessa, aqui.

Não há mulher certa ou homem certo. Os contos de fada bem como os romances e novelas vendem a ideia do casal e do relacionamento perfeitos, mas tudo não passa de fantasia. Fantasiar é gerar expectativas que, mais tempo menos tempo, serão frustradas. Enquanto se vive uma experiência, a mente fantasia outra provável, ou seja, a ilusão de que “deve haver alguma mulher que supere essa”. A próxima também não vai corresponder ao que ele espera, por uma razão muito simples: ninguém existe para satisfazer as nossas expectativas.

Voltemos ao meu amigo. Se ele não mudar, suas fantasias e, claro, expectativas, também não vão mudar. E ele sempre projetará a mulher que, em sua percepção equivocada, é a ideal. Não é uma questão de mudar de mulher, mas sim as percepções. E curar-se da mania de achar que o problema está no outro.

Para tanto, outro exercício pode e deve ser feito: o de imaginar, que é bem diferente de fantasiar. Imaginar o que pode ser vivido com a mesma mulher. Não se trata de expectativas, mas de perspectivas. Melhor ainda se essa imaginação for conjugada. Por isso a palavra cônjuge significa consorte, ou seja, indivíduo que tem o mesmo destino que o outro. Troquemos destino por desígnio e aí sim teremos a sorte de fazer com que uma relação se forme e se transforme ao longo de tempo.

Aceite uma proposta: faça, junto, com sua ou seu consorte o percurso dos cinco desígnios que constam do livro “O velho e o menino”. Ao final, descubram um propósito comum ao casal. Já ouvi relatos de quem fez o exercício, concluído com surpresa e enlevo.

Que tal a proposta? Aceite e comprove!

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