Um exercício de discernimento

Sabe o que nos maltrata demais? A nossa leitura da realidade, sempre parcial, incompleta, tendenciosa, equivocada. A coisa se agrava quando criamos um enredo ficcional que acreditamos ser a própria realidade, mas que só existe em nossa percepção. E piora sobremaneira quando escolhemos remoer mágoas imaginárias, como quem vive cutucando uma ferida, impedindo-a de sarar. É nessa hora que o discernimento torna-se imprescindível.

Discernimento é uma palavra que implica a capacidade que todos nós temos, embora nem sempre dela façamos uso, de compreender o que existe. É ter consciência plena da realidade, sem se deixar levar por miragens, versões dos fatos, fantasias.

O contrário de discernimento é a tentativa insana de enquadrar a realidade em nosso estreito campo de visão, ajustando-a às próprias percepções. Ou seja: nessa equação, a realidade é a variável, a percepção é fixa. Discernimento é o contrário: a realidade está posta, a percepção é que deve ser a variável.

Como a percepção é a realidade individual, ao mudá-la, altera-se o próprio mundo. Por isso, a descoberta de um propósito é algo desafiador. E este – não é difícil compreender – se modifica na medida em que a percepção se elucida e o campo de visão se amplia. Em outras palavras: existe sempre um propósito mais intimamente relacionado à vocação de cada um de nós, de maneira que, ao alargamos o campo de visão, as percepções se desanuviam.

Discernimento é a palavra mágica! Permite que façamos com exata precisão a leitura da realidade, tanto a externa como a interna. A conexão entre esses dois mundos – o interior e o exterior – é que vai nos oferecer o real propósito, aquele que, há tempos, está à nossa espera. A ele, portanto, sem perda de tempo!

O meu mais novo livro propõe um percurso que deve ser feito por todos nós. Ao fazê-lo, seu campo de visão se amplia e a percepção se refina. Um verdadeiro exercício de discernimento.

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