Relacionamentos são desafiadores. Valorizá-los e mantê-los é um desafio para a vida inteira. Às vezes preferimos descartar alguns, quando provocam desavenças, mágoas, ressentimentos ou não correspondam às nossas expectativas. Mas esta não é a melhor solução. Romper sempre é a pior saída.
Deveríamos inserir entre nossos propósitos de vida o de promover a paz, algo que inclui aprender a amar as pessoas e se relacionar com elas da melhor maneira. Envolve, também, lidar com conflitos.
Mitigação é uma palavra pouco usual, embora traduza um comportamento muito comum: o de fugir de qualquer conflito. Mas conflitos fazem parte das relações humanas, assim evitá-los é também esquivar-se de relacionamentos. Ceder, ser subserviente e deixar que a opinião dos outros sempre prevaleça são atitudes típicas de quem tenta escapar dos conflitos e, por tabela, dos relacionamentos.
Promover a paz é apaziguar, não mitigar. É, sobretudo, reconhecer as razões e intenções que levam ao conflito. Mitigar, por sua vez, é colocar panos quentes na situação. Conhecer as razões e intenções quase sempre atenua os conflitos, porque boa parte deles se dá por conta de expectativas não correspondidas e muitas vezes sequer declaradas. Por isso é necessário que haja aproximação e disposição para ouvir e falar.
Outro fato comum é deixar que orgulho conduza as ações e, com isso, nenhuma das partes toma a iniciativa de conversar com a outra. Não importa quem está com a razão, o diálogo franco é sempre o melhor meio para colocar sentimentos a limpo. Adiar é a pior escolha, pois ressentimentos costumam produzir ranço. Não entre nessa de que o tempo vai apagá-los. O tempo só faz aprofundar e cristalizar ainda mais mágoas e ressentimentos não tratados.
Se o encontro acontecer, como é o desejado, então vale uma segunda regra: usar mais os ouvidos do que a boca. E escutar antes os sentimentos do que as razões ou interpretações racionais dos fatos. Melhor ainda: não apressar-se a dar nome aos sentimentos do outro. Deixe que a própria pessoa os declare, com suas palavras e sua versão dos fatos, ainda que equivocadas. Nos conflitos, reconhecer a versão dos fatos é mais determinante do que os fatos em si. Quando ouvimos atentamente, emitimos o seguinte recado: eu me importo com você. E isso conta muito.
Outra regra de ouro é falar de comportamentos e não da pessoa, que jamais pode ser ferida. Comportamentos não a representam e são suscetíveis de crítica. Quando alguém os adota talvez não esteja em seus melhores dias. Portanto, podemos criticar comportamentos, mas sempre com o cuidado de preservar a pessoa que os manifestou.
A maneira de falar também conta muito. “Fez, mas fez errado” é diferente de dizer “fez errado, mas fez”. Uma sutil, mas profunda distinção. Tanto a frase como o tom dado a ela podem ser decisivos quando se trata de relacionar-se e lidar com conflitos.
Admitir os próprios erros e pedir desculpas, além de demonstrar humildade, é infalível para desarmar a outra parte. Isso vai acontecer quando compreendermos que estar certo é o que menos importa em situações de divergência.
Pense em reconciliação, mais do que na solução do problema. Pense em cooperação mais do que em competição. Pense em unidade, mais do que em uniformidade. Lembre-se, acima de tudo, da grandeza que existe nas diferenças. E, finalmente, assuma – consigo e sinceramente – o compromisso de pacificar. Sua atitude, além de positiva, tem um poder disseminador. Nada como o exemplo para gerar frutos. Concentre-se em ser um elo da corrente da concórdia, porque sentirá reflexos em si, também.
Promova a paz!
Eu adorei esse livro, queria saber opiniões sobre o trecho “quando ouvimos atentamente, emitimos o seguinte recado: eu me importo com você. E isso conta muito.