Feliz aniversário!

– E qual a palavra que representa a sua nova idade? – perguntei ao aniversariante do dia, a quem liguei para prestar homenagem.

– Resiliência! – respondeu, sem hesitar – o termo do momento.

Fui pego de surpresa. Não esperava mesmo! Em geral, quando questiono alguém dessa maneira, ouço de volta algo mais para o lado da fé, da saúde, da esperança, do amor e outras alternativas mais comuns. Pela primeira vez, uma pessoa citou resiliência.

Claro que estou compartilhando algo trivial: o breve, mas surpreendente, diálogo. Podia até deixar para lá, não fosse a mania de refletir sobre as palavras.

Meu amigo admitiu que é uma expressão muito usada, hoje. Na verdade, entrou para o vocabulário do mundo organizacional há cerca de dez anos, se não me falha a memória. De lá para cá, não é muito citada no dia-a-dia, mas sempre volta em tempos de crise, como a evocar uma qualidade que precisa ser desenvolvida.

Resiliência refere-se a resistir, a não deixar a “peteca cair”, a adaptar-se rapidamente para garantir a sobrevivência. Nesse sentido, é parente de determinação e de persistência. Sem dúvida, bastante considerável, como as suas coirmãs.

Para mim, no entanto, não é uma palavra bem resolvida, como fé, esperança ou amor. Resistir até quando? Insistir até quanto? Persistir até onde?

Penso que, muitas vezes, o melhor é não resistir nem insistir e, muito menos, persistir. Vejo gente dando murro em ponta de faca e alimentando cadáveres no armário. Quando algo realmente acaba, só falta mesmo colocar terra por cima, mas a insistência e a persistência transformam um triste fim numa tristeza sem fim. Ainda assim essa atitude ilógica recebe o pomposo nome de resiliência.

Não resistir pode ser a atitude mais correta. Aceitar com gratidão as coisas como elas são é sinal de humildade e de preparação para um recomeço. Reverenciar a vida como ela é e o que oferece significa sabedoria. Não desprezar nada e aceitar com alegria o que nos é dado ou o que nos é posto demonstra uma fé inabalável.  Às vezes o melhor é silenciar, não fazer movimentos, contemplar, apenas amar as coisas como elas são.

Pular cedo da cama talvez seja um ato de resiliência, mas saber adormecer tranquilamente e se deixar levar pela consciência que sabe encontrar a paz é o melhor presente de aniversário que alguém pode se oferecer.

– Feliz aniversário, amigo!

 

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Diana Saraiva
Diana Saraiva
7 anos atrás

Caro Roberto,
Boa tarde!

Adoro seus textos e sempre reflito muito sobre eles. Sou uma apaixonada pela Metanoia e tenho muitos dos seus livros.
Esse texto, particularmente, me gerou um desconforto. Já pesquisei muito sobre resiliência e, se me permite, discordo um pouco dessa definição, pois “resistir”, “insistir” e “persistir” são, apenas, algumas das características de resiliência.
Li diversos livros sobre o tema, e alguns deles me ajudaram a escrever meu artigo publicado no livro “Coachees que fazem a diferença”, que traz características como ser flexível, moderado e empático, onde representam comportamentos de controle da ansiedade, evitam conflitos, se conectam com o outro e se interessam, genuinamente, por ele. E, principalmente, entende que a insistência por um único caminho é teimosia e pode gerar apenas uma grande perda de tempo.
Concordo que é uma palavra que vai e volta (principalmente em momentos de crise), mas acredito que todos nós deveríamos desenvolvê-la e em todos os momentos de nossas vidas.
Abraços e obrigada pelos excelentes textos.

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