Todos nós somos dotados de uma potência, que é a expressão de um desejo ainda desconhecido ou de um propósito não definido. Mas ela existe, como um poder ou uma força oculta em nós ou que esteja em vias de conectar-se com nosso querer.
Enquanto não a deciframos, essa potência pode permanecer improdutiva, causando mais malefícios do que benefícios. “Bebida pela vaca, a água se transforma em leite. Bebida pela cobra, a água se transforma em veneno. A água é a mesma.” Nessa analogia, da sabedoria budista, a água é a potência capaz de construir ou destruir.
A nossa potência é a energia para a vida. Não é sempre igual, o tempo todo. Sofre variações por conta dos impactos do dia-a-dia. Afinal, não somos seres individualizados, mas coletivos, e também relacionais, o que implica conflitos. Nossa potência, portanto, é continuamente afetada. De modo positivo, quando o ambiente ao redor nos desafia à participação, ou de forma negativa, quando o ambiente ao redor é hostil e nos leva a usá-la para nos defender ou nos preservar.
Se movidos pela consciência, somos capazes de discernir entre o que eleva a nossa potência e o que a consome. Para fazer a melhor opção. Experiências passadas podem nos trazer aprendizados e acender o sinal vermelho diante de situações que indubitavelmente vão consumir nossas energias. Nossa potência não existe apenas para lidar com o que já conhecemos, mas – e especialmente – com o que ainda desconhecemos. Por isso, tal potência inclui o nosso poder diante do risco, nossa criatividade e a nossa força frente às incertezas. Afinal, é no incógnito que a nossa potência se alimenta e multiplica a sua energia. É aí que ela mostra a que veio e o quanto nos serve.
É, portanto, a nossa maior riqueza, desde que se transforme em desejo e este, em propósito. Precisa ser canalizada para o que seja bom, belo e verdadeiro. Assim, fará parte do projeto de uma vida mais humana, virtuosa, ética e próspera. Somente assim, ela nos ajudará a construir uma riqueza de fato e de direito superior.