Muitas vezes, queremos resolver o problema do destino da nossa embarcação, da velocidade com que ela deve se movimentar, dos mapas de navegação que indicam por onde seguir, porém nada é mais importante do que a tripulação. Claro que estou usando uma metáfora: a embarcação é a empresa, o destino é a estratégia, os mapas de navegação são os controles apoiados pela tecnologia, mas acima de tudo o que conta, mesmo, são as pessoas. Mas, atenção: não se trata de qualquer pessoa.
Uma coisa é preciso compreender sobre tripulações e equipes. Nem todos os seus componentes são engajados de igual maneira. Mesmo depois que o propósito tenha sido entendido homogeneamente e os desafios encarados como comuns, ainda assim o grau de comprometimento individual difere substancialmente.
Existem aqueles que cumprem suas obrigações com responsabilidade, como se espera de pessoas adultas. São os religiosos. Mas outros realizam o trabalho com intensa devoção. Seu grau de envolvimento se traduz em compromisso psíquico, emocional e até espiritual. Esses são os devotos. Os religiosos são necessários, mas os devotos, imprescindíveis!
Todo líder pretende ter uma equipe de devotos. Quem não havia de querer?
Devotos são pessoas automotivadas. Você não precisa despender esforços para incentivá-las. Elas vêm todos os dias para o trabalho determinadas a fazer o que precisa ser feito. Autodisciplinadas, não é preciso lembrar a elas, o tempo todo, quais são os compromissos assumidos. Você sabe que vão cumprir os combinados. E, aí, pode pensar em outras coisas importantes da sua liderança.
Devotos são pessoas criativas. E como toda criatividade envolve riscos, elas os assumem e seguem em frente.
Contar com devotos é o sonho de todo o líder que investe na formação de uma equipe de alto desempenho. Mas a realidade não é assim tão generosa e direta. Devotos constituem uma população pequena e talvez aqui valha também o Princípio de Pareto que dita a regra dos 80/20, ou seja, 80% do trabalho e da construção da obra será realizado por 20% dos seus integrantes. Justamente os devotos.
Existe ainda uma terceira categoria: os passantes. Como indica a própria palavra, estão apenas de passagem, como os hebreus, que, na antiguidade, vagavam a esmo pelo deserto. Alguns deixarão pegadas e, por causa delas, serão lembrados. Outros serão como nuvens passageiras, efemérides sem deixar rastro.
Pesquisas revelaram que 65% dos funcionários das empresas são desengajados crônicos. Não se fixam em lugar nenhum e perambulam, como o peixe no oceano, em busca de água.
De tudo, fica uma lição. Fundamental. Embora religiosos e passantes tomem mais tempo da liderança, inverta o costume e invista nos devotos. É com eles que você vai construir uma obra comum. Constituem a companhia ideal para tornar a viagem, realmente, mais prazerosa e gratificante.