Educar é descortinar

Educar é descortinar. Isso mesmo! Educar é tirar, abrir ou levantar as cortinas para que se possa ver o que antes ficava encoberto, escondido. Há quem “passe a matéria”, destrinchando o conhecimento em disciplinas, na certeza de que, assim, educa. Mas, não, da mesma forma que memorizar está longe de aprender. 

Nietzsche dizia que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. Ver o que ainda não se via. Em seguida, a mente atribui significado ao que é visto e o cérebro registra em seus arquivos. A partir daí, mente, cérebro e conhecimento nunca mais serão os mesmos. Isso é aprender.

Ver o que ainda era invisível não acontece por acaso. É bem diferente de um olhar qualquer. Trata-se de um olhar feito de espanto, surpresa e fascínio, caso contrário o aprendiz não consegue ver por inteiro. Para enxergar o todo é necessário o suspense: o que existe por trás das cortinas? O que está velado que será revelado? A curiosidade é mais importante que o conhecimento, disse Einstein. É a mais pura verdade! A curiosidade nos põe em movimento, no exercício da busca. O conhecimento pode ser o ponto final, um convite, portanto, à acomodação. Mas, depois de uma cortina, existe outra, e assim sucessivamente, num eterno descortinar.

O olhar de espanto, surpresa e fascínio tão logo as cortinas se abrem é o deleite do aprendiz, a eterna criança encantada com as descobertas. Tal êxtase não tem nenhum objetivo prático voltado para alguma utilidade específica. Aprende porque é divertido aprender. O que vai fazer com isso vem depois, muito depois.

A eterna criança aprendiz ainda mora no adulto e precisa ser reavivada. Continua a mesma, ávida por enxergar o novo, desejosa de expandir seu mundo, mais rica interiormente, disposta a uma vida feita de contentamento.

Concordo com Nietzsche. A primeira tarefa da educação é ensinar a ver. E acrescento: o principal órgão de aprendizagem é o olhar. É só descortinar!

 

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