O processo da Metanoia defende a gestão que toma decisões por meio do consenso. Quem faz parte dele, sabe que, ao contrário do autoritarismo, a participação é o modelo de liderança mais árduo e que dá mais trabalho.
Enquanto o modelo autoritário é centralizador e, muitas vezes, manipulador, a liderança participativa envolve muito mais as pessoas, conquistando seu compromisso psíquico e emocional. Faz com que aflorem potencialidades que se manteriam veladas não fosse a força do modelo e, de arremate, produz resultados extraordinários, impossíveis no autoritarismo.
Vendo assim, parece não haver dúvidas na escolha entre ambos os modelos. Mas não é o que acontece. O autoritário ainda prevalece – é o mais presente na maioria das organizações.
Existem várias razões para explicar o porquê disso, mas uma delas vale a pena realçar como o principal motivo desta reflexão: o modelo participativo é gerador de conflitos! E quem gosta de conflito?
O conflito como componente fundamental
Primeiramente, vamos compreender a origem do conflito. Quando o líder abre o canal de comunicação e de participação, as pessoas, até então contidas ou subtraídas, passam a se expressar. Na medida em que se manifestam e se sentem consideradas e valorizadas, começam a se comprometer. Tal energia psíquica e emocional advém justamente da participação. Ao mesmo tempo, ao comprometer-se e a fazer valer seus pontos de vista, o terreno está propício ao conflito. Afinal, as vistas dificilmente partem dos mesmos pontos.
Para que o conflito não se transforme em atrito, existe a técnica do consenso como meio de se chegar a um ponto de vista que todos considerem válido e que, por isso mesmo, estejam dispostos a apoiar. Esse é o melhor dos mundos, pois o processo da liderança participativa foi capaz de conquistar almas e corações em prol de uma decisão uníssona geradora de resultados extraordinários, devido ao conjunto alinhado de ações.
É exatamente o que toda organização deveria buscar! Algo que capitalize a energia humana em prol da geração de riquezas.
E por que não também no país?
O modelo participativo que adotamos nas empresas é equivalente ao democrático, escolhido para o país. Vivemos, atualmente, o nível mais elevado de participação da sociedade no destino nacional, um aprendizado para essa nossa jovem democracia. Como nunca dantes, pois hoje apoiada pelas redes sociais.
Participação gera compromisso emocional. Os pontos de vista estão divididos, o que leva ao conflito. E esse conflito é positivo. O homem cordial, definido por Sergio Buarque, interpretado como afável, torna-se autenticamente cor, de coração aquecido.
Estamos vivendo um momento ímpar em nossa história. Se o diálogo e o consenso fizerem parte da trama democrática, sem as polarizações irracionais e odiosas, avançaremos como país, rumo a uma democracia mais madura, e quem sabe nos transformemos em uma nação.
Vai arder e vai doer, mas o crescimento se dá pela dor e pelo amor. Não esqueçamos do amor, como ponto de conexão capaz de apaziguar as diferenças e de ser a mola propulsora na conquista de uma nação mais fraterna e justa.
Veja também: