É chegada a primavera! Indica, antes de tudo e com sua explosão de flores, o final do inverno. Lembra Vivaldi, o que saudou as quatro estações de maneira magistral, e tantas poesias e canções nela inspiradas. E também algumas histórias. Como essa das duas sementes que descansavam no solo fértil desse momento mágico, em que a natureza expõe tudo o que tem de mais belo.
A primeira semente disse:
– Eu quero crescer! Quero criar raízes e deixá-las penetrar nas profundezas do solo. Quero saber o que existe lá embaixo. Quero gerar brotos e que eles também mergulhem fundo na superfície da terra. Quero abrir meus botões e anunciar a todos que a primavera chegou! Quero sentir o calor do sol durante o dia e sorrir para ele, agradecida. No final da noite, tão logo raie a aurora, quero sentir o orvalho da manhã lavando as minhas pétalas, que cintilam a cada gota translúcida tocada pelo sol.
E assim ela cresceu.
A segunda semente disse:
– Tenho medo. Não sei o que existe na escuridão das profundezas da terra. E seu eu danificar os meus brotos? Eles não conseguirão penetrar na superfície dura. E também não vou deixar que meus botões sejam engolidos por algum inseto faminto. E se abrir minhas flores e algum animal tentar comê-las? É melhor esperar até que eu me sinta segura.
E assim ela esperou. Certa de estar em plena segurança. Protegida de todo e qualquer mal implícito em uma trajetória desconhecida.
Uma galinha ciscando no solo, à procura de comida, encontrou e rapidamente comeu a semente que trocava o risco pela segurança.
O diálogo entre as sementes reflete bem os dois ciclos que as empresas escolhem viver: o da sobrevivência, que representa a segurança, a autopreservação, a espera, e o da prosperidade, que representa o risco, a contribuição, a esperança.
Esta é a primeira ruptura proposta pelo processo da metanóia: substituir o modelo mental de escassez (ciclo da sobrevivência) pelo modelo mental de abundância (ciclo da prosperidade).
Somos resultados das nossas escolhas. Quem escolhe se conter e evita correr riscos é engolido pela vida. Essa lei universal vale tanto para as empresas diante de seus mercados como para as pessoas diante de suas existências.
Bem-vinda primavera, estação da esperança! A beleza das suas cores e o prazer de sentir seus odores anuncia para todos nós que o melhor ainda está por vir.