Os holofotes incidiam sobre as máquinas, durante a Era Industrial. Basta lembrar a imagem das cidades congestionadas na hora do rush, no começo e no final dos expedientes. A origem desses engarrafamentos remonta àquela época, quando todos precisavam trabalhar ao redor e no tempo das máquinas.
Se eram ligadas às 7h58 da manhã, esse era o momento em que todos deveriam estar reunidos ali, com seus cartões de ponto devidamente batidos. Elas determinavam a jornada de trabalho, e, como acontece em um tabuleiro de xadrez, os peões se organizavam a partir dos quadriláteros em que ficava o maquinário.
A tecnologia acabou com a Era Industrial e a mecânica foi superada pela eletrônica. Surgiu a Era do Conhecimento, mas, contra todas as apostas feitas na volta triunfante do ser humano, nota-se que as máquinas continuam determinando o modo de trabalhar e até de viver.
Pior! Antes o homem livrava-se delas assim que eram desligadas, às 17h48, horário em que tocava a sirene. Todos os trabalhadores eram postos para fora, de maneira a garantir que elas ficassem em descanso e resguardadas, até o dia seguinte. Hoje, as pessoas vão para casa e levam consigo as máquinas, seja na mochila, na bolsa, no bolso. As máquinas continuam governando, agora 24 horas por dia, e o homem, como um servo, permanece submetido aos seus chamados e informações. É o novo proletariado, que independe de classe social. Virou condição que a todos iguala.
Vivemos uma mudança de eras, mas trazemos da anterior a alienação e a codependência. Ainda não somos seres humanos livres, capazes de mergulhar para além da superfície. Aguardamos, esperançosos uma nova era: a da Consciência.
Quem sabe talvez surja um homem novo, como a única esperança de criarmos um mundo realmente novo.