Uma regra que vale ouro

“Amo o pecador, mas odeio o pecado”, disse o filósofo Agostinho de Hipona. Pensando bem, uma bendita lição, para ele, que mais tarde se santificou.

Santo Agostinho deixou uma regra de ouro, que pode muito bem ser adotada nas empresas, para melhorar a qualidade de diálogo, de relacionamento, de convivência e de humanidade.

Ambientes organizacionais não costumam praticar o perdão e pode parecer complacência fazer uso de tal regra, que imaginamos ser mais apropriada a igrejas, mosteiros e outros ambientes religiosos. Mas vale refletir a respeito. Existem ganhos concretos nesse exercício.

Misturar o pecado ao pecador é bastante comum, nas empresas. Diante de um comportamento inadequado, um deslize, um erro, uma falta, adjetiva-se o ator como se ele fosse o comportamento. O problema é que, com tal costume, cria-se um estereotipo, uma imagem deformada daquele que seria o sujeito real. Com o tempo e a soma de outros comportamentos inadequados, cristaliza-se a imagem e já não é mais possível se relacionar com o ser real, apenas com o ilusório. São grandes as perdas, tanto para a empresa, como para as relações e, em particular, para a vítima enquadrada no estereotipo.

A situação se agrava, pois a profecia costuma se realizar. Como? Oras, quando imputamos a alguém um comportamento estereotipado, ficamos atentos a qualquer atitude que comprove a tese, o que fortalece a ideia preconcebida. Perdemos a oportunidade de enxergar o sujeito real, encoberto que está pela lente embaçada de preconceitos e pressupostos. Um grande prejuízo para todos. De fato.

Perdão é diferente de complacência. Amar o pecador, mas odiar o pecado é o mesmo que abominar o comportamento inadequado (e aí não existe nenhuma complacência), mas preservar quem eventualmente adota o comportamento (e esse é o ato do perdão). Se misturarmos as coisas, tiramos do ator a chance de se redimir, de aprender e de adotar comportamentos adequados. Mais que isso: de se libertar do estereotipo capaz de privá-lo de oportunidades de crescimento e de contribuição.

Toda empresa tem a condição de obter lucros. Tal busca, porém, não pode se sobrepor à de se transformar em uma comunidade de trabalho mais humana. A regra de ouro ajuda nas duas metas. Experimente e verá!

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