Como não tornar um problema ainda pior.

Quando estamos vivenciando uma crise, muitas vezes, sem querer, aumentamos o seu tamanho ao adotar soluções simplificadas para problemas complexos.

Para ficar mais claro, veja este exemplo. Imagine que um agricultor receba a informação de que sua plantação está sendo devastada por um tipo de inseto. Qual a primeira providência que ele toma? Aplicar inseticida. E isso tem lógica: contra inseto, nada melhor do que inseticida. Essa lógica deriva do pensamento simplificado. Quanto mais inseticida, menos inseto. E está resolvido o problema. Está mesmo?

Talvez, num primeiro momento. Mas se acompanharmos os desdobramentos dessa atitude, veremos que, ao longo do tempo, a praga reaparece e é preciso reaplicar o produto tantas e tantas vezes que seus efeitos se reduzem gradativamente, até que ele se torne inócuo. Surge, portanto, um novo problema.

O raciocínio inicial foi simplório demais para a complexidade do desafio, tornando-o ainda mais crítico. Se a princípio, havia um inimigo a combater (a praga), depois surgem inúmeros efeitos colaterais tão graves ou mesmo piores (uma praga ainda mais resistente). Ou seja, quanto mais soluções simplificadas, mais problemas complexos.

Talvez, no exemplo escolhido, pensar grande fosse introduzir um elemento capaz de conduzir – naturalmente – o sistema a um novo tipo de equilíbrio dinâmico. Por exemplo, um outro tipo de inseto predador da praga. Assim, o problema seria eliminado sem risco para a saúde da plantação.

Não é, porém, o que acontece com muitas empresas que enfrentam crises nos mercados em que atuam. Em vez de pensar grande, tratam de adotar soluções simplificadas que não resolverão nenhum desafio complexo.

Ampliando a visão

Uma empresa é um sistema inserido em outro sistema. Vamos chamar o menor sistema de negócio, e o maior sistema de holograma. A anatomia do negócio é composta por corpo (tangível e mensurável), por mente (relacionamento com o mercado) e pela alma (que trata das relações internas na equipe de trabalho). Esse trio indivisível compõe o sistema menor, que deve ser gerido com o objetivo de levar ao equilíbrio dinâmico entre esses elementos e mantê-lo. O holograma é composto por vários agentes, os quais, direta ou indiretamente, participam do negócio. Entre eles estão os líderes, os colaboradores, os clientes, os fornecedores, os investidores, os financiadores, os distribuidores e os representantes, dentre outros.

Para chegar a uma solução mais ampla e efetiva de um problema, é preciso enxergar o sistema maior, o holograma.

 

Para começar, mude a pergunta

Em situações de crise, a pergunta certa a se fazer é: “como eu posso preservar o holograma em que a minha empresa e outros agentes estão inseridos?”. Esta, sim, levará a um conjunto de decisões e ações, voltado a um universo maior, fazendo com que todos se beneficiem, ao longo do tempo. Isso significa que é preciso traçar, com cuidado, iniciativas muito diferentes das convencionais.

O que diferencia uma crise passageira de uma hecatombe é uma decisão crucial: aceitar o desafio de substituir o papel de gestor do negócio para o de gestor do holograma. Pensar nas pessoas envolvidas e como as ações as afetam! Isso implica um olhar para fora da caixa. Comprove e colha os frutos vigorosos que só a coragem de pensar grande lhe proporciona!

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