Como aprender?

Essa é a pergunta que se faz quem quer aumentar a própria estatura, nutrindo-se de novos conhecimentos e habilidades. A intenção é a melhor, mas muitos que estão dispostos a aprender acabam não conseguindo. Acontence que há um problema justamente com a pergunta, que é o ponto de partida! E se localiza justamente na palavra “como”. Ela remete a uma técnica, a um método ou a um processo. Técnicas de memorização, entre outros recursos muito comuns, ajudam a decorar conceitos e definições, mas não implicam – necessariamente – aprendizado, algo que não é garantido apenas pelo ato de estudar.

 

É claro que um método pode ajudar, mas é melhor substituir a pergunta como aprender por outra: o que é aprender?

 

Aprender é, sobretudo, um rito antropofágico. Não se espante! Explico: antropofagia é um ritual em que os vivos devoram os mortos. Assim, acreditam os povos primitivos, os mortos continuam a viver nos corpos dos vivos, a quem transferem conhecimentos, valores e percepções.

 

É exatamente isso que faz um bom aprendiz de filosofia quando incorpora Aristóteles, Platão ou Heráclito. Uma coisa é estudá-los, outra é incorporá-los. Este é o verdadeiro aprendizado. É também o que faz um bom estudante de psicologia quando incorpora Freud, Jung ou Maslow. Uma coisa é explicá-los numa dissertação, outra é incorporar seus ensinamentos. Algo muito diferente de apenas decorar frases e pensamentos, é experimentar não apenas no cérebro, mas no corpo inteiro, aquilo que foi aprendido. Isso explica porque muitos estudantes de teologia não são, necessariamente, espiritualizados, enquanto pessoas elevadas espiritualmente pouco sabem de religião ou das escrituras. O Espírito vive nelas, sem que saibam algo sobre capítulos e versículos.

 

A palavra “aprender” deriva do latim apprehendere, que quer dizer agarrar, apoderar-se de alguma coisa. É a aquisição de um certo saber que implica mudança de modelo mental. Não basta apenas o livro na biblioteca e a sua leitura passiva, nem ter a resposta certa na ponta da língua. Aprendizado não é como uma roupa com que se cobre o corpo, é o próprio corpo que, por onde anda, leva consigo uma compreensão refinada do conhecimento, que se expressa em palavras e ações.

 

O verdadeiro aprendizado – além de envolver todos os sentidos, a razão, a emoção, o intelecto e a mente – é aquele que provoca uma tomada de consciência. Manifesto em cada gesto, decisão, atitude.

 

 

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